A manteiga fica longe do pão, sem necessariamente valorizar mais o light ou o gorduroso. Prudência e caldo de galinha, vigília, são atitudes normais diante de um front que tem a responsabilidade de separar o que é água e o que é óleo. Porque no giro alucinante de uma paulicéia desvairada, do dínamo que produz luz apenas para alguns, dentro da betoneira que produz o concreto armado, frio, vai muito mais do que brita, cimento e areia, vai alma, sentimento, inclusive ou pior, o de reagir.(CHM)
O PJU, expresso em sua metodologia, não tem por objetivo ocupar o lugar/espaço da escola formal, com todas as agruras relatadas nos textos do colega Raimundo, mas sim, complementar a formação do indivíduo, jovem cidadão, com uma cesta de oportunidades. A primeira delas o direito a circular pela cidade. O direito de ir e vir na prática cotidiana. A possibilidade de ver e ouvir e comparar os sons e barulhos das cidades e das pessoas que nela habitam, para além do seu habitat. A periferia.
Segundo Carlos Odas, nas tabas culturais, chamadas de escola, leciona-se, por meio das mais altas tecnologias, idéias sobre direitos, liberdade e responsabilidade. Mesmo não sendo professor de escola pública, não concordo com esta afirmação, seja pelos relatos dos colegas do PJU, ou pelos dois textos acadêmicos postados pelo colega Raimundo. Por outro lado concordo com Carlos quando diz que as mais altas tecnologias deveriam servir, mesmo, para aproximar-nos da simplicidade do fato de que somos humanos: sabemos falar, cantar, dançar, e somos capazes de sentir prazer dedicando-nos ao bem estar coletivo. Essa é minha leitura do PJU, ou como gostaria de vivenciá-lo, e, por conseguinte de ter aproveitado melhor os saberes e conhecimentos da ilustre psicanalista convidada a compartilhar conosco experiências.
Acredito mesmo, conforme palavras do nosso coordenador Wagner, que ela tenha saído com ótimas impressões e experiências vivenciadas pelos colegas a frente de, e com os jovens urbanos. Já desse lado de cá, educadores e coordenadores, e que se preserve as diferenças, ou seja, não quero dizer com isso, que todos que estiveram presentes pensem da mesma maneira, pois neste caso seria um pensamento pasteurizado, e de fato não o é. Mas falo do microcosmo, do tempo presente em que estivemos juntos, ali naquela roda. Falamos e falamos da escola problema, e das deficiências do Estado em relação à educação, como se pudéssemos sair dali com um programa de assistência estudantil que fizesse com que o jovem permaneça na escola. Claro que isso é importante. Tanto assim que o PJU contribui para esta permanência, quando institui de maneira sine-qua-non que o jovem esteja matriculado na escola. Ainda neste contexto, entendo que o PJU busca atender demandas dos cidadãos jovens, com temáticas próprias da juventude relacionadas à arte, emprego, mundo do trabalho, diálogo com as tecnologias e suas diversas linguagens, valores simbólicos e não somente a educação.
No meu ponto de vista, PJU é uma plataforma sobre a qual deveríamos avançar com um tanto, uma pitadinha a mais de ousadia colaborativa, de modo a permitir a imaginação dos educadores, coordenadores e assessores, pularem os muros dos seus próprios territórios, e caminharem pelas ruas e avenidas, guetos e vielas das possibilidades. Caminhada esta, lastreada pela generosidade, sinceridade, fair play, fidelidade de propósitos de envergadura e amplitude para além dos terreiros e quintais de suas próprias entidades, assim como, ações e posturas comprometidas com o empoderamento, autonomia e potencialização de todos envolvidos no processo, ONG´s executoras, profissionais gestores, educadores; FIS, CENPEC, e demais parceiros; sobretudo razão maior do programa, os jovens urbanos. Tenho percebido a ausencia de gentilezas sinceras, desses princípios em boa gestalt, afinal também penso que “Toda obra humana é efêmera. Porém o seu fazer não o é.” (JLB).
Antonio Carlos Pedro
Coordenador pju/ibradesc
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