Nesta ultima terça feira, 26 de abril exploramos o Museu da Língua Portuguesa.
Os principais objetivos do Museu da Língua Portuguesa são:
- mostrar a língua como elemento fundamental e fundador da nossa cultura;
- celebrar e valorizar a Língua Portuguesa, apresentada suas origens, história e influências sofridas;
- aproximar o cidadão usuário de seu idioma, mostrando que ele é o verdadeiro “proprietário” e agente modificador da Língua Portuguesa;
- valorizar a diversidade da Cultura Brasileira;
- favorecer o intercâmbio entre os diversos países de Língua Portuguesa;
- promover cursos, palestras e seminários sobre a Língua Portuguesa e temas pertinentes;
- realizar exposições temporárias sobre temas relacionadas à Língua Portuguesa e suas diversas áreas de influência.
O Museu da Língua Portuguesa está localizado num Marco histórico da Cidade de São Paulo, o prédio da Estação da Luz, com sua arquitetura inglesa do início do século XX, passou por um apurado processo de restauro e adaptação para receber as instalações do Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em março de 2006.
Abaixo o texto do prof. Eduardo Calbucci nossa referencia para atividades de letramento.
O que se revela quando se diz...
Eduardo Calbucci
A língua, na maioria das vezes, oferece-nos várias possibilidades para dizer
praticamente as mesmas coisas. Escolher a forma mais adequada para cada situação, cotejar usos, comparar registros, sempre tendo em mente a riqueza dos processos de variação lingüística, é (ou deveria ser) preocupação de todos os falantes, sob o risco de a intercompreensão e a eficiência de comunicação se perderem. O “ultrapassado” – ao menos em grande parte do universo acadêmico – discurso do certo X errado, fundamentado numa dicotomia tão rígida quanto equivocada, desconsidera que a língua, como sistema que é, merece ser tomada mais como um objeto de estudo do que como um pretexto para normatizações frágeis e, muitas vezes, preconceituosas.
Por exemplo: quando, no começo dos anos 50, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira compuseram um dos maiores sucessos da música popular brasileira de todos os tempos, o baião “Asa branca”, alguns puristas podem ter ficado incomodados com o final da quarta estrofe da canção: “Espero a chuva cair de novo / Pra mim voltá pro meu sertão” [grifo nosso]. Afinal, o uso do pronome oblíquo “mim” na posição de sujeito vai de encontro às prescrições dos normativistas, que apregoam o emprego do pronome reto (eu) numa construção como essa. As explicações sintáticas para essa prescrição vão das mais finas (os pronomes pessoais em português mantêm resquícios da flexão de caso do latim e, por isso, são grafados diferentemente de acordo com sua função sintática) às mais insólitas (todos já ouvimos o descabido “mim não faz nada” ou o politicamente incorreto e descabido “mim é índio”). O fato é que, por mais que haja quem condene o “mim” como sujeito, esse uso não se deixou abalar e continua afirmando sua existência nas ruas.
Manuel Bandeira chegou mesmo a dizer que não havia nada mais “gostoso” do que usar o mim como sujeito de verbo no infinito. Para ele, a expressão “pra mim brincar” deveria ser usada por todos os brasileiros. Em que pese sua filiação modernista, que o levava o prestigiar as variantes populares da língua, até mesmo como reação aos beletrismos de parte da literatura brasileira da virada do século XIX para o século XX, é de elogiar sua percepção aguçada de fenômenos de língua, que o faz privilegiar a espontaneidade em detrimento da “correção”. A tese de Bandeira é plenamente adequada para explicar o uso dos pronomes em “Asa branca”. Na canção, o emprego de “eu” no lugar de “mim” tornaria o texto incoerente. O narrador de “Asa branca” é um retirante que foge da seca. Assim, para aumentar o efeito de “verdade” do texto, optou-se por uma variedade linguística compatível com o universo social desse narrador.
Lingüistas de todas as épocas reconhecem que, quando falamos ou escrevemos, dizemos mais do que imaginamos. Na verdade, revelamos de onde somos, em que época vivemos, qual o nosso universo social, como queremos nos relacionar com nossos interlocutores. Isso se dá porque a língua não é neutra; ela encerra valores, crenças, ideologias. É por esse motivo que uma simples escolha lexical pode ter mais peso do que supúnhamos.
Veja-se o caso dos vocativos. Ao referimo-nos aos nossos interlocutores,interpelando-os diretamente, podemos empregar as mais variadas formas de tratamento: doutor, senhor, moço, amigo, companheiro, camarada, rapaz, parceiro, mano, gajo, meu irmão, guri, quase todas com suas respectivas flexões femininas. Os exemplos são infindáveis.
Acontece que cada forma de tratamento revela muito mais do que se imagina: um “doutor” numa conversa cotidiana pode ser irônico; um “gajo” numa aula de literatura, uma homenagem a Portugal; um “mano” no Rio de Janeiro, uma brincadeira com o falar deSão Paulo; um “camarada” num encontro partidário, uma filiação ideológica. Nada é neutro. Daí, o aforismo de Wittgenstein: “os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo”. Quanto maior é a consciência dos falantes sobre essas questões, maior é sua capacidade de controlar, ainda que parcialmente, o que se revela quando se diz...
Jardim Lapena
Imagens CPDOC São Miguel - cartografia dos sentidos - realizada em parceria com Universidade Cruzeiro do Sul
Iniciamos o dia como uma conversa rápida e individual ouvindo a opinião de cada jovem sobre as atividades realizadas até o presente momento, e em seguida compartilhada com os demais colegas. Em seguida a discussão sobre a nova trajetória e a importância da freqüência, sobretudo da entrega dos documentos e a “real adesão” ao programa.
Neste dia a leitura compartilhada do texto “São Miguel Paulista: um distrito da região leste de São Paulo” e assistimos o documentário da TV Itaim – História de São Miguel Paulista, onde os jovens puderam observar o Jardim Lapena – bairro onde mora a maioria dos jovens e o local da exploração no dia seguinte.
A atividade foi muito boa e por fim vi a realização de entrevistas muito boas, bem como permitiu uma leitura da praça diferenciada, nas próximas aulas trabalharemos com o material dos grupos. Fomos ao Lapenna treinando nosso ritmo de caminhada (ainda em etapa inicial) buscando a perfeição “nem tão rápido, nem tão devagar” mantendo o grupo unido, estamos melhorando né? Assim andamos por algumas ruas do Jd Lapenna vendo agentes da prefeitura trabalhando “duro” para que voltasse a energia no bairro, lembraram-se do filme ‘Cinco Vezes Favela’, onde um funcionário só poderia ir embora depois que voltasse a energia elétrica, e continha a insatisfação geral da população sendo que, pouco dependia deste já que era feriado e muitos serviços estavam interrompidos.
Avistamos o Galpão Tide Setubal (que mais pra frente faremos uma visita), e vimos por fora a sede do time de Varzea do Lapenna, troféus, fotos e quadro da tão disputada Copa Kaiser onde ganharam a final disputando no campo do Pacaembu; conversei no sentido de que em breve voltaríamos com alguém antigo do bairro nos explicando melhor, fomos ao encontro do Evandro e Lilian (Ibradesc), lanchamos e boa noticia: “a luz voltou”; então já no Telecentro foi explicado pelo funcionário responsável do mesmo, como funcionava o cadastro, a possibilidade de utilizar qualquer unidade espalhada pela cidade, a possibilidade de impressão (até quatro folhas) para trabalhos escolares e currículos, cursos oferecidos sobretudo para jovens nos Telecentros (visando o mercado de trabalho) e, por fim incentivo na utilização da comunidade pois, dos jovens presentes considerando que 80% são lapenenses, apenas dois frequentavam a unidade.
Na exploração ao Jardim Lapena, a história do bairro foi narrada por guias voluntários (parceiros culturais do IBRADESC e líderes comunitários da comunidade). A exploração revelou sentimentos ambíguos – alguns se orgulharam de estarem caminhando sem seu próprio bairro, cumprimentando vizinhos e mostrando os locais freqüentados por eles próprios; já outros demonstram desconforto. A caminhada se dirigiu ao campo de futebol do Esporte Clube Lapena e lá o Sr. Ivan pai de uma das jovens e líder comunitário, tal como nas histórias projetadas no documentário, compartilhou experiências e outras personalidades do bairro foram aparecendo, e a curiosidade pelas histórias locais foi despertando a atenção do grupo. Em frente ao Esporte Clube Lapena, está instalado o Telecentro, desativado temporariamente, mesmo assim foi realizada uma apresentação do funcionamento do Telecentro e os cursos lá realizados – proposta já encaminhada pelo próprio grupo, já que constatamos que nenhum jovem do bairro freqüentava o Telecentro. Conversamos lá fora finalizando o dia, passando a lista de presença e relembrando a circulação da semana seguinte: Museu da Língua Portuguesa. Uma ótima Páscoa a todos.
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